Antes de abordar diretamente o assunto, gostaria de partilhar uma história familiar: Meu pai foi adotado logo após o parto, em que faleceram a sua mãe biológica e seu irmão gêmeo...O casal que o adotou seriam seus padrinhos, e já tinham 3 meninas, e sonhavam com um menino... Minha avó inclusive o amamentou, e muitos anos depois me contou a história ( só mudando os personagens) pois jamais soube que eu já a conhecia...
Um dos aspectos pouco abordados no câncer, é a possibilidade da infertilidade após o tratamento, tanto nos tipos de câncer que afetam o sistema reprodutivo, quanto em outros tipos onde são realizados os tratamentos convencionais. Essa infertilidade depende muito da idade do paciente além do tipo e duração do tratamento... já comentei sobre maternidade e preservação de fertilidade nesse post. Digamos que a preservação não foi realizada e a infertilidade não seja apenas uma possibilidade, mas uma realidade como para muitos pacientes; e que ainda há nesse(a) paciente a vontade de ter filhos... para esses casos há a opção de adoção, porém há muitas pessoas que mesmo sem qualquer problema de esterilidade, tem esse desejo em seu coração, e algumas mesmo com filhos biológicos , desejam adotar um ou mais filhos. Em um dos episódios da série "Viver com Fé" a atriz Alexandra Richter fala sobre a intuição de ser mãe adotiva.. Assista e se emocione com o trecho do episódio NESTE LINK.
Durante o meu tratamento, fui presenteada pelo Espaço cor de rosa, com o livro "Desvelando a Adoção" da psicóloga Laucia Amerina Santos Neri, em que ela aborda o assunto e relata qual a postura que deve ser assumida pelos pais ao contar a origem dos filhos adotivos, e inclusive relata alguns dos casos em que acompanhou... Recomendo a leitura para as pessoas que adotaram ou estejam interessadas em adotar uma criança. Numa das vezes em que fui na clínica para fazer a limpeza do catéter, conheci uma moça que estava radiante de alegria, pois ia sair dali para uma audiência no Juizado de menores para adotar uma menina , e ela que já tinha um filho, contou que sempre planejou uma família maior... e se via na expressão dela que estava realizando um sonho... Fiquei emocionada com seu relato naquele dia.
Conheci várias pessoas em que notei uma certa "resistência" à ideia de adotar ... Eu compreendo que essa aceitação seja parte de um processo... Sei o quanto é difícil e frustrante a expectativa da sociedade e do próprio casal em ter seus filhos biológicos, a vontade de passar pelos rituais, ver a barriga crescer, escolher o parto, procurar traços familiares... Porém quando não é biologicamente possível, acredito ser menos doloroso aceitar e procurar exercer a paternidade ou maternidade de outras formas... E para auxiliar nessa fase, é interessante procurar algum tipo de terapia para ajudar a lidar com as emoções e recomeçar...
Afinal, amar só faz bem, e adotar é um exercício de amor, em que se constrói um vínculo real com benefício mútuo...
Afinal, amar só faz bem, e adotar é um exercício de amor, em que se constrói um vínculo real com benefício mútuo...
Para saber mais sobre adoção:
1- Portal da Adoção
2- Dez passos para adotar uma criança